Se há alguns anos atrás as questões ambientais não se punham, actualmente estas questões estão na ordem do dia, influenciando praticamente todos os sectores económicos e a vida de todos nós, onde a construção não é excepção.
Há vários anos que os compromissos internacionais impostos, como o Protocolo de Quito (1997) vieram introduzir medidas de redução dos impactos ambientais com origem na construção, como é o caso da Certificação Energética de edifícios.
Com as mudanças ambientais a que vamos assistindo e a redução de recursos, a sensibilidade para questões ambientais tem vindo a aumentar, e hoje em dia não basta que os edifícios sejam bem construídos, espaçosos, bonitos e confortáveis, é importante que sejam também sustentáveis.
Mas o que é a construção sustentável?
De uma forma simplista a construção sustentável é forma de construir respeitando o meio ambiente. Construir tirando partido da eficiência de materiais e técnicas construtivas, procurando amenizar o impacto da construção na envolvente, reduzir ao máximo os resíduos e consumos energéticos, e reciclar o mais possível.
Tudo deve começar pela avaliação cuidada de todas as fases do edifício e questões envolvidas, desde por um bom planeamento, materiais disponíveis na proximidade, construção, e utilização.
Eis alguns pontos que devem ser tidos em conta:
- Aproveitamento dos recursos naturais disponíveis (luminosidade, insolação e ventilação naturais, ao invés de sistemas artificiais);
A escolha da implantação e orientação do edifício são fundamentais no que se refere a sustentabilidade. A exposição/proteção a factores externos como o número de horas de exposição solar e sombreamento são importantíssimos para estabelecer o aproveitamento passivo dos factores meteorológicos na climatização. - uso racional de materiais, e preferencialmente sustentáveis;
Optar por materiais naturais, sujeitos a processos de transformação de impacto reduzido no ambiente. Materiais locais, normalmente mais adaptados às condições e evitando grandes deslocações e transportes. - Eficiência energética e qualidade do ar e ambiente interior;
Para além de usar materiais “amigos do ambiente”, adoptar processos construtivos e técnicas que garantam a eficiência energética, e a qualidade do ar interior. - Uso de tecnologias, produtos e sistemas com impacto reduzido no meio ambiente;
- implementação de sistemas de energia renovável;
Como é o caso da instalação de painéis solares, fotovoltaicos, etc - Gestão e economia de água;
Por exemplo adoptando sistema de recolha e conservação das águas pluviais, para usos vários, Instalando equipamentos de baixo consumo de água, etc - Gestão de resíduos, e sistemas de reciclagem;
Adoção de sistemas de aproveitamento de produtos, e utilização “circular”, como por exemplo, apostar na compostagem para fertilizar terrenos, etc. Quando tal não for possível, promover a separação de resíduos.
Actualmente, construir ou comprar um imóvel sustentável continua a ser mais dispendioso que uma opção tradicional.
Contudo, embora o investimento inicial seja superior, as estatísticas vêm demonstrar que a o período de retorno do investimento ou seja a diferença de preço é amortizada no prazo de 5 a 15 anos. Isto é possível graças à poupança nos consumos de utilização de água, de eletricidade e climatização bem como com os custos de manutenção, uma vez que os materiais utilizados têm em geral uma elevada durabilidade.
A pressão para que o setor da construção aposte em técnicas e métodos mais responsáveis é uma realidade. Sabemos que esta é a construção do futuro sem colocar em causa futuras gerações, mas para que este tipo de construção se torne a escolha principal há ainda um longo caminho a percorrer.
Susana Sobreira – Engª Civil