Quando perguntamos a uma criança, “o que queres ser quando fores grande?”, respondem-nos médico, bombeiro, polícia, bailarina, professora, cantora…
Mesmo acreditando que hoje as coisas possam ser diferentes, a verdade é que há 10, 20 anos não se ouvia ninguém dizer EU QUERO SER VENDEDOR!
Para responder à pergunta “CARREIRA COMERCIAL, SIM OU NÃO?” vou-vos contar a minha história.
Há cerca de 28 anos, quando me licenciei em Engenharia Química, nem sabia o que era um comercial, nem o que fazia um vendedor. Sabia que para trabalhar no setor das vendas, não era necessário um curso superior e isso era suficiente para não me despertar interesse.
Fui professora do ensino básico e secundário durante 4 anos por falta de opções da indústria, que era o meu verdadeiro foco. Trabalhar como “Engenheira” na área para a qual estudei era um verdadeiro sonho. Até que o realizei!
Arranjei um trabalho a liderar o gabinete de investigação e desenvolvimento de uma empresa de revestimentos no norte. Estava sozinha a 2h de casa, só vinha ao fim de semana e o que ganhava não chegava para pagar a renda, a comida e as deslocações. (faz lembrar a história de tantos professores…)
Era chefe, no laboratório chamavam-me “senhora engenheira”… mas não me sentia realizada nem feliz!… Quando pedi a demissão, passado um ano, para meu grande espanto, o dono da empresa ofereceu-me a direção comercial. Pensei: como é que eu vou ser chefe dos comerciais que andam na rua se eu nunca andei na rua e não conheço os desafios? Recusei e voltei para casa. Mas fiquei a pensar “ele viu algo em mim! Algo que eu não vejo…”
Na altura os empregos não se procuravam na internet (não havia, hehehe) os empregos procuravam-se no jornal Expresso, e o Expresso estava repleto de anúncios de empresas à procura de comerciais… Resolvi tentar a sorte!
Fui contratada! O trabalho consistia em contactar empresas de Santarém até Santa Maria da Feira, apresentar o meu produto e fechar a encomenda! A empresa era espanhola com pouca representação em Portugal e o objetivo era abrir o mercado.
Fazia quase 10.000km por mês e o trabalho consistia em falar e conquistar pessoas diferentes todos os dias. Estava no meu elemento!
Sentia-me livre! EU decidia para onde ía a cada dia, geria os meus clientes como se fossem amigos, andava ao ar livre o dia todo, de cidade em cidade a conhecer pessoas novas e ganhava 4 vezes mais do que quando era “chefe”!
Daí para a frente nunca mais quis ser outra coisa que não comercial.
Um dia ouvi: “Onde é que já se viu uma Engenheira Química a vender na rua?”
Respondi: “Aqui! Porque os outros Engenheiros Químicos que eu conheço estão fechados entre 4 paredes 8h/dia, com luz artificial, com o nariz enfiados nos livros, com um chefe a vigiar e a ganhar um terço do que eu ganho!”
Gosto da liberdade.
Gosto de fazer as minhas escolhas e sentir que o céu é o limite!
Gosto de ter tempo para os meus projetos e para estar com aqueles que amo.
Gosto da missão de poder ajudar as pessoas a ultrapassar os seus desafios.
Gosto do desafio, da conquista, de os surpreender com mais do que o que estão à espera, e por fim mas não menos importante…
… Gosto muito de ganhar dinheiro!
Cristina Mendes– Gestora de Equipa Comercial